Por onda anda: Hilton Antonio Mendonça Britto
A entrevista foi concedida para o Pioneiro.
Homem de muitas habilidades, Hilton Britto dedicou quase 50 dos seus 77 anos de vida ao rádio. Nesse meio, como narrador, repórter e comentarista, teve a atuação marcada pelo raciocínio rápido e fina ironia, em especial nos programas de debate. Nos quais cunhou algumas frases curiosas:
— Futebol é uma coisa que, quanto mais se estuda, menos se entende.
— Pelo movimento do trem eu já sei quem vem dentro.
— Tudo cessa quando um valor maior se levanta.
Essas expressões foram repetidas em muitos programas. Com Armando Eduardo dos Santos, o Dudu, que já foi mostrado nesta seção, compôs uma dupla afinadíssima na Rádio São Francisco. A ponto de, uma década depois da participação, eles ainda serem lembrados pela forma com que debatiam.
— Alguns pensavam que era tudo combinado, mas não tinha nada disso — afirma Hilton Britto.
Nas décadas em que atuou no rádio, Britto trabalhou ao lado dos grandes nomes do esporte da cidade. Em relação aos companheiros de debates, ele destaca, além de Dudu, nomes como Paulo Rodrigues, Arthur Borges, Jurandir Gaston dos Santos, Vitor Berticelli, entre muitos outros.
Diante das agruras enfrentadas pela dupla Ca-Ju para conseguir eleger seus presidentes, Britto encontrou uma maneira interessante de explicar o processo.
— É como se fosse uma gineteada. Um segura o cavalo pelo pescoço, outro pelo rabo, mais um na cabeça, até o ginete se acomodar. Então, um pergunta: está firme? Na sequência, alguém dá um tapa no bicho e o ginete que se arranje.
Depois de um forte vínculo com o então Flamengo, Britto foi comandar o futebol do Juventude nos anos 1980. Mas não ficou muito tempo, pois acabou sendo alvo de um bombardeio. Ele recorda que sofreu mais que outros que fizeram o mesmo.
Pai do apresentador Britto Júnior, um dos principais da televisão brasileira, ele está há cerca de quatro anos fora do rádio. Aposentado, tem uma empresa que confecciona calendários, o que se constitui mais em distração do que num trabalho.
Sobre uma volta ao rádio, acredita ser difícil, pois vinha se preparando para a saída.
— Mas nada é definitivo - afirma, repetindo outra expressão que costumava usar com frequência.
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Naturalidade: Cachoeira do Sul, 27/03/1936
Família: Foi casado durante 50 anos com Nivalda, que morreu há dois. É pai de Britto Júnior e Patrícia.
Atuação na imprensa: Começou em 1961, na Caxias, passando depois por Independência, Difusora, São Francisco, Universidade, Visão e UCS TV.
No futebol: Foi goleiro na base do Flamengo, no Tupi e Vasco, os dois últimos clubes amadores. Foi também dirigente de Flamengo, Associação Caxias e Juventude.
Em empresas: Atuou nas áreas de recursos humanos e administrativas da Nicola, Belini, Marcofrigo e Metalbritto.
Atualmente: Aposentado, é dono da Britto Comércio Representação e Publicidade, que produz calendários.